quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O Menino da Praça da Feira


Ontem fui ao cinema com minha amada assistir ao filme Rede de Mentiras e após o filme paramos na praça da feira para comermos um espetinho. A Praça da Feira é uma praça no coração da cidade de Cáceres que oferece várias opções de alimentação durante a noite. É um local de feiras comerciais e agrícolas sempre as quintas e domingos. Durante o pouco tempo que ficamos ali pude observar uma infinidade de acontecimentos. Pessoas de todas as naturezas passam por aquela praça durante o dia e a noite, uma vez que a praça não dorme e nem as pessoas que habitualmente convivem em torno dela. É possível, numa rápida olhada, você encontrar michês, sapatões, lésbicas, homossexuais, cafetões, prostitutas e outras infinidades de pessoas dessa natureza. Claro que ali também freqüentam pessoas de boa índole (até porque eu estava lá) e, além disso, eu também não tenho nada contra a vida das pessoas e o que elas fazem ou deixam de fazer.
Dentre as inúmeras coisas que observei já com a intenção de escrever para esse blog eu pude notar as garotas que perambulavam em busca de recursos para preencher suas noites (de prazer e dinheiro). Tal como aves de rapina em volta das suas presas elas andavam a procura de homens que pudessem dar a elas algum dinheiro. Notei um senhor já de meia idade que chegou em uma moto já trombando em suas próprias pernas devido ao álcool na cabeça e logo rodeava uma das meninas e se esfregava nela. Não entendo como as pessoas se sujeitam ao ridículo dessa forma? A mulher em aceitar que um cara molambento daquele fique alisando ela e passando as mãos em suas partes intimas. O homem em se deixar dominar pela bebida a ponto de se tornar um molambo.
No entanto, nada me chamou mais a atenção do que o garoto que me pediu um dinheiro para comprar um baguncinha, segundo ele me disse. Estava esperando o garçom trazer o nosso pedido e observando o andamento das pessoas na praça além do sorriso de minha amada (ela fica linda nos dias em que está feliz) quando o menino apareceu e me pediu dinheiro para comprar o lanche. No momento disse a ele que não tinha e que não poderia ajudá-lo. Ele saiu de perto de mim e ficou próximo ao carrinho de lanche do outro lado da praça. Eu o observei durante algum tempo vendo o que ele faria. Ele estava em uma bicicleta e ficou um bom tempo parado ao lado do carrinho de lanche. Pediu dinheiro para duas mulheres que passou perto dele e elas deram-lhe alguns trocados que vi. Quando terminei de fazer meu lanche juntamente com minha amada disse a ela para me esperar que eu fosse dar o dinheiro do lanche para o menino.
Caminhei até onde ele estava e dei-lhe uma moeda de 1 real dizendo que era para ele completar e comprar o lanche dele. Ele me disse que precisava de mais 50 centavos para completar o valor do lanche. Dei-lhe os 50 centavos e conversei um pouco com ele. Magrinho e sujo ele me disse que morava na Cidade Nova. Quando voltei para a minha mesa vi que o menino foi embora. Fui conversando com minha amada sobre qual seria o destino do dinheiro que o menino arrecadou. Com certeza não era para o lanche porque ele simplesmente foi embora. Seria para ajudar seus pais? Seria para comprar drogas? Cola, quem sabe? Um ponto de interrogação permanece no ar com relação a isso.

O que é preciso fazer para que a infância não seja sacrificada dessa forma? A inocência é perdida e o futuro de nosso país é comprometido. Enquanto isso nos palácios em Brasília...


Texto: Odair José