quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A irmã de Suelen... (Segunda Parte) - O almoço!


Era um domingo diferente. O sol surgiu com um brilho mais intenso do que de costume e as flores dos ipês estavam mais coloridas do que de costume. Pelo menos essa foi a impressão de Suelen naquela manhã ao se levantar. Quase não dormira a noite devido à ansiedade. A família dela caprichou nos preparativos do almoço para oferecer ao ilustre visitante daquele dia.
Dona Adelaide tentava demonstrar um sorriso apesar de seu coração se revoltar com essa situação. Afinal, sua filha não era nem uma prostituta para ser oferecida como banquete principal a esse desconhecido. No entanto, ela conteve a sua revolta e caprichou no almoço. Enquanto Suzana ajudava a mãe nos preparativos, Suelen se arrumava no quarto. Tomou um banho caprichado, fez cabelo e unhas, além da depilação e banho perfumado. Estava deslumbrante quando por volta das 11 horas da manhã um carro esportivo parou em frente o portão da casa dela.
Beto era um homem alto e forte. Corpo bem definido e de porte atlético. Normalmente se encaixava no perfil da maioria das mulheres. No entanto, durante o almoço e as conversas, ele mostrou outra qualidade: sabia cativar as pessoas. De uma cultura superior ele conversou com todos na mesa e encantou a maioria das pessoas que ali estavam. Durante uma conversa e outra ele observava a jovem moça que havia sido “oferecida” a ele. Suelen estava linda e encantou o homem.
Houve um acidente quando um dos meninos que estavam na casa escorregou e caiu sobre Suelen que por sua vez tropeçou na mesa onde Dona Adelaide tinha acabado de colocar um bule de chá quente. O Bule foi jogado sobre o empresário e queimou sua mão. Durante alguns segundos ouve um momento de silêncio com a cena até que Suzana amparou o empresário e cuidou dos seus ferimentos. Ele, num misto de dor e revolta pelo acidente saiu como um louco da casa dos Almeida e foi embora cantando pneus.
Durante algum tempo a casa e todos os seus moradores ficaram estarrecido com o acontecimento. Rômulo e Otaviano não conseguiam nem olhar para Suelen como se ela fosse a culpada do acontecido. Suelen por sua vez não conseguia acreditar em tamanha falta de sorte. Como aquilo foi acontecer? Aos poucos foram se dispersando e cada um buscou um lugar para meditar e se perguntar como aconteceu tudo aquilo. Dona Adelaide, no fundo agradecia a Deus pelo acontecido enquanto que Otaviano e Rômulo saíram e foi para um bar beber e conversar a respeito do acontecido naquele dia fatídico. “Estava tudo caminhando tão bem” disse Otaviano. “Ela tinha que ser tão distraída assim?” comentou Rômulo demonstrando uma ponta de decepção com a sobrinha.
Enquanto Suelen chorava no quarto, Suzana foi e a abraçou com carinho. Tentou confortar a irmã dizendo que aquilo foi um acidente e que não era pra ser daquela forma. Que, com o tempo, tudo se resolveria. Além do mais o homem que demonstrava um grande conhecimento e cultura tinha sido um grosseiro e bárbaro com uma situação normal e que podia acontecer com qualquer um. No entanto, as palavras de Suzana não conseguiram consolar Suelen. Sua revolta não era nem pelo empresário em si. Era um homem bonito, rico e culto, mas era casado e tinha uma família. O que a deixava revoltada era o fato de esse azar acontecer justamente com ela. Ficou bastante decepcionada consigo mesma.O domingo que surgira bonito e florido acabou terminando escuro e sem graça para a jovem loira.
Suzana despediu-se dos seus familiares e foi embora com Henrique. Moravam em um bairro afastado daquele onde moravam seus pais. Caminhava de mãos dadas com o seu companheiro pela calçada quando foram abordados pelo carro de Beto. O empresário os parou na rua e disse que queria pedir desculpas pelo acontecido e agradecer a Suzana por ter o ajudado na hora da dor. Pediu mil desculpas por ter sido grosseiro e apertou a mão de Henrique dizendo que iria lá à casa dos Almeida pedir desculpas também e agradecer pelo almoço. Antes de sair, no entanto, ele abraçou Suzana como se fosse agradecer e falou no ouvido dela: “Me encantei por você e quero te ver”. Suzana ficou mais rubra do que de costume e seu coração acelerou. Engoliu em seco e ficou silenciosa enquanto o empresário se afastava e entrava no carro. Henrique percebeu que a fisionomia da sua jovem esposa tinha mudado, mas resolveu não fazer nenhum questionamento.


Texto: Odair José.

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