quarta-feira, 19 de março de 2008

MEU PAI (TAMBÉM) É UM HEROI...


A vida de meu pai é fantástica. Seria possível escrever uma longa biografia desse homem espetacular. Nem as grandes biografias dos grandes homens da história seriam capazes de ofuscar tamanho brilho uma vez que, para mim, ele é o maior. A coisa mais importante que um homem pode fazer nessa vida é dar uma boa educação para seus filhos. Dar amor e oportunidades para que eles cresçam e sobreviva nesse mundo complicado.

Quantas vezes vi meu pai passar horas sem dormir por minha causa. Outras vezes ficou sem comer para que eu pudesse comer o único alimento que tinha no momento. Isso é o mais importante na vida do ser humano. Saber que alguém o ama a ponto de se sacrificar por você. Nesses gestos tão singelos é que encontramos a essência do amor.

É claro que questiono hoje as mentalidades que ele exercia na minha infância, principalmente quando dizia “no tempo do meu pai era assim”. No entanto, será que meus filhos não poderão me contestar no futuro por coisas que defendo hoje? Sei que os pensamentos mudam com o passar dos anos e o que no passado era ruim, hoje já não é mais.

A vida de meu pai pode ser dividida em duas partes (historiadores adoram isso), antes e depois de se converter ao evangelho. Por volta do ano de 1985 ele se converteu ao evangelho e passou a seguir a doutrina protestante. Isso foi um marco porque ele era um ferrenho e ardoroso católico e contrario, até o extremo, com a doutrina protestante. Conta-se que uma vez, quando ainda moravam em uma fazenda, passou uns crentes por lá fazendo evangelismo e deixaram uma bíblia para eles. Quando meu pai chegou do serviço e viu aquele livro de capa preta sobre a mesa ficou bravo e mandou queimar.

Aliás, queimar é com ele mesmo. Quando criança, lembro-me que eu e meu irmão adorávamos gibis. Eu era fã do universo Marvel e da DC Cosmic, meu irmão também e mais ainda de bolsilivros. Mas meu pai era contra. Recém convertido ao evangelho ele se tornou bastante radical e nos proibia de ler “aquelas porcarias”. Uma vez ele queimou uma pilha daqueles gibis e revistas. Claro, tinha algumas pornográficas também, coisa de qualquer adolescente. Sinto saudades das minhas revistas hoje, principalmente as do Homem-Aranha e Incrível Hulk. No entanto, não condeno o meu pai por isso. É o tipo de coisa que qualquer pai faz para manter uma ideologia que, para ele, e, naquele momento, era o certo.

Meu pai se chama Josuel, mas todo mundo o conhece por Zué. É Mineiro de Patos de Minas, isto é, um patureba, terra que ama de coração e toda vez que fala dela fala com carinho e saudade. Isso é notado a todo o momento quando conversamos com ele. Neste dia 22 de março de 2008 ele estará completando 59 anos. Sua história é cheia de surpresas que pretendo estar desenvolvendo na sua biografia “Zué, um mineiro no Mato Grosso – A História”. Titulo que, por enquanto, é provisório.

Neste dia (22 de março), quero parabenizá-lo pelos seus 59 anos. Um dos poucos em que passo longe dele, talvez por isso sinto tanta falta. No entanto, quero que sinta o meu carinho e abraço.

Texto: Odair José.

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