Ouvi certa vez de alguém que deveríamos, durante nossa vida, visitar três locais: um hospital, um velório e uma prisão. Nunca me interessei por nenhum desses lugares.
No entanto, por um capricho do destino, fui, no domingo (23) na cadeia pública de Água Boa, munícipio de Mato Grosso, visitar minha tia que lá se encontra presa. Ela foi presa no último dia 5, na Barra do Garças, fronteira de Mato Grosso com Goiás, juntamente com o seu esposo, acusados de tráfico de drogas. É bem verdade que encontraram uma grande quantidade de entorpecentes com eles, mas dai minha tia saber disso é outros quinhentos. Como meus familiares são de Cáceres, que fica a mais de 800 km daqui resolvi ir visitar ela na prisão pois moro atualmente em Nova Xavantina que fica a 80 km de Água Boa onde minha tia está presa esperando a decisão judicial sobre a sua situação.
Neste texto pretendo deixar duas coisas registradas para a posteridade.
A primeira diz respeito a cidade de Água Boa. É mais uma que conheço em minha vida. Fiquei encantado com ela. Planejada, com ruas espaçosas e bastante árvores. Senti que é uma cidade confortável de se viver.
A segunda é sobre a prisão. Com certeza não é lugar para ninguém viver. Aliás, o que não tem naquela prisão é vida. Minha tia estava presa junta com outras 27 mulheres em um cubículo que cabe 8 pessoas espremidas. Só tem acesso a duas horas diárias de sol, o restante do tempo é presas naquele lugar. Durante as três horas que fiquei lá no domingo ouvi várias histórias das detentas que ali estavam. Inclusive do que acontece durante o período em que não tem visitas... É de arrepiar...
Claro que as pessoas têm que pagar pelos seus erros. Essa é a lei da semeadura. E, com certeza, se alguém almeja o arrependimento, aquele é o lugar onde a pessoa o encontra.
Por mais que as pessoas tentam manter as aparências, como no caso da minha tia, é possível perceber o sofrimento pelo olhar distante, as lágrimas que teimam em sair dos olhos, pelo caminhar sem rumo e em círculos... Percebemos que as coisas ali são horríveis. A solidão é companheira mais presente na vida daquelas pessoas.
Engraçado como são as coisas. Confesso que não dormi na noite anterior à visita por que estava ansioso e imaginando como seria. Depois não dormi na noite posterior depois de ver aquela montoeira de mulheres. Pode parecer que não, mas é nessas horas que você percebe que ama as pessoas. No meu caso, percebi o quanto amo a minha tia e sinti muita pena de ver ela naquela situação.
Como diz a frase do ínicio do meu texto: é possível refletir sobre a vida e o que nos acontece quando vamos a um desses lugares...
Texto: Odair José
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