sábado, 8 de março de 2014

A Felicidade - Uma Análise em Aristóteles e um Salmista



Um pobre moribundo arrojado pela sarjeta poderia ver a beleza nos olhos de um transeunte e contemplar a oportunidade de dias melhores. Seria o fulgor de uma luz que desponta no mais longínquo horizonte. Um fio de esperança para uma felicidade há tanto tempo desejada. Felicidade esta que permeia os olhos lacrimejantes de uma criança há tanto tempo doente que recebe a noticia da cura de seu mal. A vida pode ser um contraste. Na verdade, a vida é um contraste.

Os antigos filósofos procuravam interpretar o mundo e o que os moviam a buscar respostas era justamente o espanto diante de coisas até então desconhecidas. O que traz felicidade ao ser humano? O prazer, a riqueza ou a honra? Podemos perceber no prazer um paradoxo. De um lado está o libertino, isto é, aquele que vive do extremo do prazer. Do outro lado encontramos o insensível, isto é, aquele que não sente prazer em nada. Dentro de instante as pessoas mudam de aparência e os que cantavam e dançavam agora choram por algum motivo banal. De outro lado aqueles que choravam por alguma angústia agora sorriem do amanhecer brilhante em suas vidas.

Riqueza? De que adianta em situações em que o dinheiro não consegue dar a paz que o coração tanto almeja? Vidas e lares destruídos pelas drogas que solapam a sociedade moderna. As aparências de pessoas em seus pujantes veículos de luxo disfarçam os frangalhos das almas chorosas e sem esperança. Não raramente encontramos pessoas vivendo em casas humildes e sempre com um sorriso no rosto que revela uma alma tranqüila e livre do stress do dia-a-dia contemporâneo. Como isso é possível?

Honra. O que é um ato honroso? Em uma sociedade que boa parte não pensa mais no próximo como pensar em honra? Uma das definições de honra pode ser encontrada no Dr. Samuel Johnson. Segundo ele, um dos sentidos para honra seria “nobreza de alma, magnanimidade, e um desprezo a maldade”. Quanto contraste com as palavras de Morrissey ex-vocalista do The Smiths que declarou recentemente dizendo que “o suicídio é um ato honroso e de grande autocontrole”.

O bem que todos os homens buscam, de acordo com Aristóteles, é a felicidade. No entanto, para o filósofo a felicidade, porém, não é um sentimento que aparece, instala-se e vai embora; ao contrário, é obra de uma vida inteira. Sabemos, no entanto, e os céticos de plantão podem até me questionar, que a felicidade não é algo encontrado nas prateleiras de supermercado ou vitrines de shoppings. Nem algo palpável que se pode guardar e usar a hora que quiser. Então, onde encontrar a felicidade?

Deixando a filosofia humana de lado podemos encontrar a resposta em Deus. Ele diz através de um salmista anônimo no Salmo 1º que é bem-aventurado (feliz) o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores e nem se assenta na roda dos escarnecedores. Esse é o primeiro passo. Três ordenamentos explícitos e não fáceis de cumprir. Em seguida, Ele nos mostra o segredo da felicidade dizendo que o homem para ser feliz tem prazer na lei do Senhor, isto é, em seus mandamentos, e neles medita de dia e de noite. Seguindo esses passos não será necessário ter estantes cheias de livros de auto-ajuda.

Como sempre, há aqueles que questionam tudo e todos e podem até desdenhar dessas palavras. Eis ai a maravilha do livre arbítrio e a liberdade de discordar. No entanto, as experiências humanas não deixam dúvidas de que existem pessoas felizes vivendo entre nós. Se isto é possível então existe a felicidade. Conheço um homem que há mais de trinta anos é uma pessoa feliz. Inabalável em sua fé ele não deixa que nada, nem ninguém o afastem do ideal que delineou para sua vida. O mundo pode estar desabando a sua volta e ele sempre tem uma palavra de conforto e confiança. Ao olhar para ele posso compreender porque Aristóteles teve tanta dificuldade em definir a felicidade.

Texto: Odair

Nenhum comentário: