Aconteceu em um dos mais pobres bairros da cidade de Cáceres no Mato Grosso por volta do ano de 2007. As pessoas que povoaram o bairro eram, na sua maioria, pessoas pobres advindas de diversas partes da cidade onde não conseguiram o seu espaço em outras épocas. Os terrenos, aos poucos foram sendo ocupados. Em pouco tempo havia uma pequena cidade onde antes era só mato. Casas de madeira, papelão e folhas de bacuri faziam à comunidade daquele bairro.
Assim, aos poucos foram surgindo pequenos comércios, vendas e botecos que vendiam produtos para a comunidade do bairro. Os botecos, por sua vez, ficavam lotados de cachaceiros e vagabundos que não gostavam de trabalhar. Com o tempo e a consolidação do bairro, marginais e fugitivos da prisão buscavam refugio naquele lugar. Meninas de menores se envolviam na prostituição e os viciados em drogas também encontravam espaço para utilizar os seus produtos na maior liberdade uma vez que a polícia raramente passava por lá.
Mas no bairro também tinham coisas boas como pessoas de bem. Essas pessoas apenas não haviam tido sorte na vida e sofriam com esse caos que se instalou nesse local esquecido por Deus e pelas autoridades. Foi então que aconteceu o fato.
No bairro se instalou várias igrejas protestantes. Assembléia de Deus, Congregação Cristã no Brasil, Adventista, Deus é Amor, entre outras. Também uma comunidade da Igreja Católica se fazia presente no bairro. Curiosamente, no centro do bairro um lote de grande proporção se mantinha intocado. Nada no lote era construído. A curiosidade tomava conta das pessoas ao ver aquele lote vazio e que ninguém tinha coragem de tocar.
O tempo passou e algumas casas grandes e bem feitas surgiram ao lado do lote. O bairro continuava um caos e com o passar dos tempos ia ficando cada vez pior. A polícia, de vez enquanto fazia uma ronda por lá. Ladrões de motos haviam se instalado lá e depenava moto adoidado. Assassinatos aconteciam toda semana. Foi construído um salão de dança que todas sextas e sábados abria suas portas para a diversão do povão. Mas quase toda semana morria um ou dois esfaqueado, baleado e envenenado. O lugar ficou conhecido como “salão do defunto”.
Numa sexta-feira 13 bem de manhã apareceu uns caminhões pretos com materiais de construção e começou a transportar materiais para o lote. As pessoas ficaram curiosas. Vieram uns homens, que também usavam roupas pretas e começaram uma construção. Trabalhavam todos os dias até altas horas da noite. Em poucos dias foi erguida uma enorme construção no centro do bairro. Era imponente a construção. Chamava a atenção de longe. A curiosidade do povo aumentava cada dia.
A construção era diferente de tudo que as pessoas haviam visto na cidade. Alguns nunca tinham visto algo daquele jeito. Era redonda e preta. Os vitrôs tinham uns desenhos nebulosos e figuras de anjos. Aos poucos a população e os curiosos da cidade identificaram a construção como sendo uma igreja.
Depois de terminada a construção os homens foram embora e o lugar ficou vazio durante alguns dias. Numa sexta-feira fazia um dia atípico para o clima cacerense. Nuvens cobriam o céu da cidade de Cáceres e o tempo estava bastante ameno. Não fazia frio mas também não estava aquele calorão da cidade. A temperatura rondava os 20 graus e as pessoas se aproveitavam esse dia. Era por volta das 10 horas da manhã quando chegaram alguns furgões pretos e parou na igreja. Jovens desceram e começaram a distribuir folhetos que convidavam as pessoas para a inauguração da igreja. Eram rapazes e moças bem bonitos e elegantes. De forma bem simpática eles entregavam o folheto e convidavam as pessoas para a grande inauguração da igreja naquela noite.
O que surpreendeu a população foi o convite. Alguns jogavam o convite assim que via a ilustração. Outros faziam o sinal da cruz. No convite tinha um desenho de um anjo brilhante e os seguintes dizeres:
“Temos a honra de convidá-lo para a inauguração da igreja que anuncia uma nova ideologia de vida. Se você tem um problema e precisa de solução apresentamos essa solução. Nesta sexta-feira inaugura neste local a IGREJA DO DIABO” sejam bem-vindos.
texto: Odair José.
Um comentário:
TUDO BEM CAMARADA ODAIR, BOM ACHO QUE VOCÊ AINDA LEMBRA DO MEU NOME E QUEM SOU, MOREI 24 ANOS EM CÁCERES E SAÍ DA CIDADE EM 2007 LI SEU TEXTO FIZ UMA VIAGEM MENTAL E NÃO CONSEGUI VERIFICAR OU LEMBRAR ONDE ERA ESSE LOCAL...SE VC PUDER ME DIZER POR EMAIL OU MSN O NOME DESSE LOCAL EU AGRADEÇO....O TEU BOLG TA ÓTIMO.. ABRAÇOS VALDECIR DE CARVALHO.
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