As pedras são muito mais lentas do que os animais.
As plantas exalam mais cheiro quando a chuva cai. As
andorinhas quando chega o inverno voam até o verão. Os
pombos gostam de milho e de migalhas de pão. As chuvas
vêm da água que o sol evapora. Os homens quando vêm
de longe trazem malas. Os peixes quando nadam juntos
formam um cardume. As larvas viram borboletas dentro
dos casulos. Os dedos dos pés evitam que se caia. Os sábios
ficam em silêncio quando os outros falam. As máquinas
de fazer nada não estão quebradas.
Os rabos dos macacos
servem como braços. Os rabos dos cachorros servem
como risos. As vacas comem duas vezes a mesma comida.
As páginas foram escritas para serem lidas. As árvores
podem viver mais tempo que as pessoas. Os elefantes e
golfinhos têm boa memória. Palavras podem ser usadas
de muitas maneiras. Os fósforos só podem ser usados
uma vez. Os vidros quando estão bem limpos quase não
se vê. Chicletes são pra mastigar mas não para engolir.
Os dromedários têm uma corcova e os camelos duas.
As meia-noites duram menos do que os meio-dias.
As
tartarugas nascem em ovos mas não são aves. As baleias
vivem na água mas não são peixes. Os dentes quando a
gente escova ficam brancos. Cabelos quando ficam velhos
ficam brancos. As músicas dos índios fazem cair chuva. Os
corpos dos mortos enterrados adubam a terra. Os carros
fazem muitas curvas pra subir a serra. Crianças gostam
de fazer perguntas sobre tudo. Nem todas as respostas
cabem num adulto.
Fonte: ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 2011. p. 13.
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