Alguns meses antes da Copa começar, enquanto ainda tínhamos esperança de um bom futebol na (lateral direita da) seleção brasileira, Daniel Alves comeu uma banana que havia sido atirada contra ele em mais um ato de racismo em campos europeus. Ao fazer isso, o jogador do Barcelona deu sinal verde a uma campanha que defendia sermos todos macacos. Choveu manifestação de apoio, hashtags nas redes sociais e até camisetas foram vendidas. Mas quando veio a público que tudo não passou de uma ação viral criada dentro de uma agência de publicidade o povo começou a se manifestar contra. De repente, ninguém mais queria ser macaco. A comoção inicial virou raiva.
A situação toda tem irônicos paralelos com
Planeta dos Macacos - O Confronto (Dawn Of the Planet of the Apes, 2013). Quando o novo filme da franquia começa ficamos sabendo que dez anos se passaram e um vírus criado em laboratorio praticamente dizimou a humanidade, que agora tem raiva dos símios. Por outro lado, vemos agora os macacos agindo em sociedade, caçando, aprendendo com os mais velhos, cuidando uns dos outros. No comando de tudo isso está Cesar (Andy Serkis), mais maduro, com alguns pelos brancos e rugas da experiência que viveu junto com seus pares desde que o vimos sumir pelas florestas vizinhas a San Francisco no ótimo reboot da série.
Percebe que o preconceito está lá? Que o ódio sem sentido faz humanos agirem sem pensar e assim colocar em risco sua própria existência e também a de todo o planeta? Neste novo filme, os roteiristas Mark Bomback, Rick Jaffa e Amanda Silver aprofundam ainda mais o tema, sem jamais se esquecerem que se trata de um blockbuster feito para faturar muito no verão do hemisfério norte, um grande filme feito para ser lançado no meio do ano e agradar ao máximo de gente possível. E eles conseguem! Muito também graças ao diretor Matt Reeves, que já havia provado em
Cloverfield - Monstro (2008) e
Deixe-Me Entrar (2010), que sabe contar uma história cheia de tensão e computação gráfica.
Aliás, o trabalho da equipe técnica de
Planeta dos Macacos - O Confronto é tão impressionante que na maior parte do filme você vai ficar se perguntando se aqueles macacos são realmente criados por computadores, tamanho é o grau de realismo atingido. E quando a temporada de prêmios voltar, novamente trará com ela a discussão sobre a validade ou não de se ter uma mais do que justa indicação de Melhor Ator para Andy Serkis. O britânico, que se tornou um dos maiores especialistas em captura de movimento, dá mais um show em cena. É possível captar no seu olhar e nas duas ações todas as emoções que estamos acostumados a ver em um ser humano, da alegria e tristeza ao ódio e desesperança.
Voltando à discussão inicial, sobre sermos ou não todos macacos, o filme mostra que há nos dois grupos de primatas semelhanças o suficiente para colocar todos nós no mesmo galho. Claro que alguns humanos que estão lendo este texto podem se irritar e ficar com raiva da comparação, afinal, foram anos de evolução até chegarmos onde estamos. Mas daí vem a pergunta: e tantos estudos fizeram a humanidade aprender a agir de forma mais inteligente, evitar guerras, trabalhar em conjunto visando um bem comum?
Fonte:
Marcelo Forlani
http://omelete.uol.com.br/planeta-dos-macacos/cinema/planeta-dos-macacos-o-confronto-critica/#.U9k6SthqEdU
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