A situação era tão simples quanto desesperada: a esmagadora
maioria do povo alemão acreditava em Hitler
[...]. O problema de Eichmann era exatamente que muitos
eram como ele, e muitos não eram nem pervertidos, nem
sádicos, mas eram e ainda são terrível e assustadoramente
normais. Do ponto de vista de nossas instituições e de nossos
padrões morais de julgamento, essa normalidade era
muito mais apavorante do que todas as atrocidades juntas.
[...] Sua consciência ficou efetivamente tranquila quando ele
viu o zelo e o empenho com que a “boa sociedade” de todas
as partes reagia ao que ele fazia. [...] A lição da temível
banalidade do mal, [...] desafia as palavras e o pensamento.
[...] Nenhum castigo jamais possuiu poder suficiente para
impedir a perpetração de crimes. Ao contrário, a despeito
do castigo, uma vez que um crime específico apareceu
pela primeira vez, sua reaparição é mais provável do que
poderia ter sido a sua emergência inicial.
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal.
São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 114, 143, 274, 295-299. Adaptado.
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