Vou contar uma história de minha vida que aconteceu no ano de 1988 quando tinha 14 anos de idade. Esse relato faz parte da minha autobiografia que estou escrevendo à algum tempo. O tempo cronológico aqui não é fundamental. Conforme vou me lembrando dos detalhes vou repassando. Nós morávamos em Lambari, (que naquela época ainda era distrito de Rio Branco). Meus pais eram separados, eu e meu irmão morávamos com meu pai. Como acontece, meu pai tinha que trabalhar para sustentar-nos, uma vez que ele fazia o papel de pai e mãe ao mesmo tempo.
Meu irmão, márcio, na época estava com 10 anos. Foi uma fase ruim que aconteceu em nossas vidas mas que me ajudou a crescer como homem que sou. Com a separação, meu pai teve muitos altos e baixos. Tinha época em que ele estava com muito dinheiro, outras épocas não tinha nada. Erámos muito inconstantes em relação a parte financeira. Pois nesse ano as coisas não estavam boas. Foi então que meu pai conseguiu um emprego para trabalhar em uma fazenda próximo ao Panorama, um vilarejo que existia entre Lambari e Rio Branco, cerca de uns 10 Km da primeira cidade.
Fomos para a fazenda e meu pai preferiu trabalhar primeiro para receber. Creio que na época ele fez o que achava certo. Se fosse eu hoje faria diferente. Não tínhamos nada para comer a não ser arroz. Foi um período de vacas magras mesmo. Na fazenda (na verdade, uma pequena fazendinha encravada entre outras) tinha uma casa de madeira onde ficamos. O trabalho de meu pai era gradiar a terra e plantar braquiara (capim para pasto). Durante alguns dias ficamos nessa labuta na fazenda.
Sabe quando você não tem nada mas mesmo assim é feliz? Pois bem, posso afirmar isso desse período. Eu corria na terra arada nos finais de tarde olhando o pôr-do-sol e imaginando o que seria da minha vida quando ficasse adulto. Sempre fui um sonhador. Desde pequeno as histórias de aventuras me fascinavam. Eu imaginava vários cenários para a minha vida futura.
Lá foi onde eu dirigi pela primeira vez. Sim foi um tratorzinho Valmet, se não me engado, 65. Uma tarde enquanto jogava a semente na terra arada meu pai me chamou e mandou que eu subisse no trator e o observasse. Ele deu uma volta no terreno onde gradiava naquela tarde e quando deu a volta completa ele parou, desceu do trator e falou:
_ Agora é com você.
Claro que fiz um zigue-zague nas primeiras voltas mais consegui dirigir e gradiar. Depois disso trabalhei com Trator grande de todas as marca, desde Valmet até o CBT. Inclusive até com Motocana.
No entanto, a vida ali naqueles dias não era uma maravilha. Conforme os dias iam passando, o arroz puro, as vezes com mandioca, não sustentava. Não sei quantos dias exatos passamos ali, mas creio que mais de 20 dias foram. Um dia, acho que era um sábado de manhã estava com meu irmão, sei lá, acho que brincando, quando observamos um mangueiral que tinha cerca de uns 2.000 metros de distãncia. Não sei o que, mais alguma coisa nos instigou air lá. Claro que já tínhamos visto aquele pomar várias vezes, mas tínhamos receio de cachorros ou de pessoas ruins. Quem vai saber. Como que combinássemos caminhamos até lá. Era uma casa onde morava um pessoal e que nos deu algumas coisas como laranja, ovos e...inesquecível, um queijo!
Eu nunca mais comi um queijo tão gostoso como aquele. Saboroso. Sabe quando você coloca um queijo frito com arroz? Uma delicia.
Aquelas pessoas naquele dia foi como uma salvação para nós. Não esqueço jamais, mesmo não sabendo quem são. Acho que dias depois o dono da fazenda apareceu por lá com uma compra que meu pai tinha pedido, mas aquele queijo...
Pois bem, na fazenda tinha um riacho que passava bem no fundo do quintal da casa. Dois fatos curiosos aconteceu nesse período ali...os quais contarei em breve. Não percam os próximos capítulos!!!
Texto: Odair José.
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