sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A magia do cinema



Tudo começa com uma dúvida. Que filme vou trabalhar? Essa tem sido a minha dúvida ao selecionar os filmes para exibição no Curso de Extensão em História e Cinema. Isso acontece porque minhas convicções de filmes extrapolam as exigências que se fazem para debates de filmes. Uma série de clichês que são cobrados por aqueles que se auto denominam conhecedores do cinema. Isso não acontece comigo porque eu misturo as coisas. O que importa é que o filme tenha conteúdo. E só por falar em conteúdo já é um problema. O que considero como conteúdo em um filme pode não causar o mesmo efeito nos participantes do Curso.

Mas, essa é a magia do cinema. As histórias contidas nos filmes são capazes de produzir efeitos inesperados. Fiquei vários dias pensando na história de “O curioso caso de Benjamin Button”, fui ao cinema cerca de 13 vezes assistir “Tróia”, fiquei durante uma semana inteirinha assistindo “Lost” e me apaixonei com a história de “Bravura Indômita” ao assistir a primeira versão. Além disso, com que palavras falar de “Lolita”, “O sétimo Selo” e “Perdas e danos”. Bem, isso são apenas alguns exemplos do que seria a minha vida sem o cinema. Essa magia me contagia a cada nova abordagem. Engraçado que até meu filho de dez anos já sabe dezenas de filmes e adora me acompanhar ao cinema para ver os lançamentos.

Quando conclui a minha faculdade de História e abordei, em minha monografia, o cinema na sala de aula eu tinha uma preocupação de como eram abordados os filmes no recinto escolar. Essa preocupação só tem aumentado com o passar dos tempos. Isso acontece porque é muito complexo o entendimento de um filme. Nossos adolescentes gostam de filmes de terror, na escola não se pode passar esse tipo de filme. As abordagens são complexas e precisa de muito estudo para compreender algumas das visões propostas pelo cinema. A grande preocupação levantada durante as pesquisas de campo para elaboração do projeto final foi com relação de como eram apresentados os filmes em sala de aula. Filmes eram passados para “encher linguiça”, “sessão pipoca” e com filmes fora dos contextos estudados em sala. Essa não deve ser a proposta da escola e nem do professor.

No próximo sábado tem início a quarta edição do Curso em História e Cinema. Desta feita, intitulado “Viagem pela História”. Isso porque os dez filmes selecionados “Rei Arthur”, “Um Crime de Paixão”, “A Fonte da Donzela”, “A Missão”, “Desmundo”, “Aguirre, a Cólera dos Deuses”, “O Último dos Moicanos”, “Dias de Glória”, “Círculo de Fogo” e “Tempos de Paz”, pretendem provocar nos participantes uma nova leitura (ou releitura) dos fatos históricos que os filmes se propuseram a relatar. Não é nossa intenção desconstruir os discursos embutidos, mas problematizar os olhares e dar novas possibilidades de discussão para nossas convicções. Diferentes leituras podem ser inferidas das edições anteriores.

Na primeira edição, só para citar um exemplo, li cerca de trinta comentários do filme “Colateral” e foram trinta abordagens diferentes. Uma história vista por olhares diferentes. Alguns observaram o lado sociológico do filme, outros a violência psicológica que o mesmo apresenta e, ainda outros, a dualidade da vida nos simples gestos de estarmos no lugar errado na hora errada. O importante destas observações é que aprendemos algo novo em cada leitura. Me surpreendeu, na segunda edição, os comentários do filme “Três enterros” e, na terceira edição, onde abordamos os temas transversais, a repercussão do filme “O Lenhador” que apresenta a luta de um pedófilo contra sua própria natureza e os preconceitos dos outros.

Esse é apenas um ensaio de toda discussão que levantamos durante as apresentações dos filmes. Esperamos estar contribuindo para o crescimento intelectual de cada participante do Curso e demostrando o que o cinema e os bons filmes podem oferecer de aprendizado. As relações humanas e o nosso cotidiano são abordados pelo cinema. A arte imita a vida e vice versa. E assim caminha a humanidade.

Por fim, vale lembrar aqui uma propaganda interessante que passa nos canais Telecine. Um velhinho que sempre teve medo de ir ao cinema e olha por entre os tijolos do muro o imponente cinema. Antes de morrer o velhinho vê passar diante de seus olhos toda sua vida. O “Filme” da sua vida, enfim, o apresenta o cinema. Eis a magia do cinema.

Texto: Odair

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Essa tal liberdade



Hoje estava pensando nessa tal liberdade.
Daí me veio a mente os diversos questionamentos que ouço todos os dias a minha volta.
Um dos mais paradoxal diz respeito ao amor: enquanto uns dizem saber o que é ele outros afirmam, categoricamente, não saber explicá-lo.
Na verdade é difícil expressar algo que não vemos.
As pessoas não entendem o que é estar preso a um sentimento onde, por mais que você não queira, não consegue se livrar.
Liberdade é quando você pode sonhar e realizar aquele sonho.
Mas, daí entra outra questão pertinente: ora, um sonho já se explica automaticamente...sonho é sonho.
O que se realiza não é sonho é realidade.
Pois bem, voltando a liberdade.
Nas encruzilhadas da vida, cansados de tanto caminhar pela longa estrada, de repente nos deparamos com o olhar de uma pessoa que acaba de chegar ali naquele exato momento.
O que eu procuro é a mesma coisa que ela procura.
Não existe palavras, apenas a troca de um olhar e isso é suficiente para desestabilizar todo um planejamento.
A partir daquele momento já não podemos andar mais sozinho, a liberdade se foi...somos prisioneiros.
Que coisa mais complicada.
Acontece que, por passar situações semelhantes, as pessoas querem dar palpites dizendo que sabe o que estamos passando...sabe nada.
Nem a outra pessoa sabe.
Só nós sabemos o que realmente passamos (ou também não sabemos coisa alguma).
A agonia de querer ser livre e fazer o que bem queremos.
Mas não temos nem a liberdade de escolher no que pensar.
Outra coisa fundamental nessa questão é o "pré-julgamento" que os externos fazem da nossa situação.
Observam o nosso semblante e, no ato, dizem saber o que estamos sentindo: "Nossa, você viu o passarinho verde? Está tão feliz!". Ou: "Poxa vida, por quem você está apaixonado?"
Caramba, quem disse que estou apaixonado?
Pode ser que esteja feliz por que passo por um momento bom de minha vida onde consigo escrever o que gosto.
Adoro falar de sentimento...adoro escrever sobre o mundo, sobre as divagações de um coração anelante pelo prazer de ver as letras surgindo como se fossem automáticas... Sim, é isso!
A liberdade que tanto almejo é aquela de poder dizer, sentir e escrever o que quero sem ter que lidar com esse "pré-julgamento" ridículo que prejudica uma alma livre como a minha.
Notaram o paradoxo?
Eu falo de alma livre e questiono a liberdade de expressão.

Texto: Odair