quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Quarenta Anos



Amanhece o dia e percebo as horas que continuam a passar. Lá se vão anos de caminhada pela vida que me faz refletir sobre a minha existência. Quarenta anos o povo de Israel peregrinou pelo deserto na busca pela Terra Prometida. E agora imagino como esse tempo passou. Uma dualidade: São milhares de dias vividos e centenas de experiências aprendidas e compartilhadas. Ao mesmo tempo, parece que foi ontem que dei os primeiros passos rumo a minha vida. Sonhos de infância confundem-me com a realidade dos dias conquistados. Como nuvens passageiras alguns sonhos se desfez com o tempo e aprendi que a realidade, às vezes, é mais cruel do que a fantasia.

Numa bela manhã de verão eu acordo e me vejo pronto para começar minha vida. Afinal, a vida começa aos quarenta e aqui estou eu. Vivendo em uma verdadeira encruzilhada. É uma fase da vida em que, ao mesmo tempo em que me sinto um jovem, também me sinto um velho. Em determinada situação eu ainda sou um jovem com ideais e planos para o futuro em outras eu já me sinto velho para pensar outros projetos. No entanto, a vida continua e sei que a caminhada ainda é longa pela frente.

Quarenta é um número abençoado e Deus tem me protegido e sei que continuará me abençoando para que realize os seus propósitos.

Texto: Odair

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Colateral



Colateral no sentido estrito da palavra é quem está do lado e numa direção aproximadamente paralela. E ai posso pensar qualquer coisa e tudo é válido nos meus questionamentos. Pergunto-me sobre o trabalho e penso, consequentemente, nas mudanças que o mesmo exerce na vida das pessoas. Qual o trabalho mais importante para o homem? O trabalho realmente dignifica o ser humano? Nosso esforço é melhor do que o esforço de uma formiga ou uma abelha? Os escravos que carregaram enormes blocos de pedras para construirem as pirâmides do Egito são menos importantes que os Faraós que nelas foram sepultados?

Pois bem, antes de me alongar nessas inumeras perguntas sem respostas plausíveis, deixe-me situar o leitor sobre minhas indagações. Todo esse questionamento perpassaram minha mente nas aulas de Sociologia (Trabalho) e nas de Filosofia (Poder e Estado) com as articulações sobre Liberdade. Como se fossem frutas jogadas dentro de um liquidificador e misturada ao leite que me produzissem um suco delicioso de sabores diversos. Uma viagem.

Não tenho a conta exata de quantas vezes assisti o filme Colateral e, cada vez que o assisto, descubro coisas novas. Dessa vez analisei-o dentro da ótica do trabalho.

Qual trabalho é o mais importante? Taxista, Policial, Promotor ou Matador de Aluguel? Dentro da conotação capitalista poderia inverter a pergunta e indagar qual desses trabalhos apresentados no filme é o mais rentável? Difícil é responder essas questões, uma vez que as habilidades e as escolhas nem sempre são fáceis de serem tomadas. O que importa, realmente, são os sonhos das pessoas. É interessante os questionamentos que Vincent (o Matador de Aluguel) faz a Max (Taxista) a todo instante. Suas incursões pelo subconsciente do trabalhador é algo a ser pensado. Por que trabalha a noite? Porque o trânsito é menos estressante e as gorjetas são melhores, entre outras coisas. Sempre vamos estar pensando no melhor para nós.

Quando pensamos no Estado pensamos que o mesmo deveria dar proteção as testemunhas que são assassinadas por Vincent e, então, percebemos que o Estado é incapaz de proteger seus cidadãos. Liberdade? Onde existe liberdade? Max é uma prova cabal do quanto somos reféns dessa tal liberdade. Podemos pensar na sua situação ao descobrir que seu passageiro é um assassino profissional. Qual decisão tomar?

Por último, penso no Poder. Poder que é exercido em todos os lugares. Quem tem o poder de controlar sua vida? Somos capazes dessa potência? E, até que ponto somos controlado pelo poder do Estado?

Essas e outras questões devem ser problematizadas a partir da leitura e analise de Colateral.

Texto: Odair

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Inimigo do Estado: Temos ou não temos Liberdade?



A pergunta que fiz hoje era a seguinte: no Estado em que vivemos temos liberdade? Pode parecer uma pergunta desconexa na atual conjuntura em que vivemos. No entanto, o objetivo era fazer uma reflexão sobre Trabalho, Poder e Estado. Uma mescla de Filosofia e Sociologia. As respostas, na sua maioria muito boas me fez rever alguns conceitos fundamentais. Primeiro que não importa se minha resposta seja sim ou não. A pergunta é muito complexa e a verdade, neste caso, relativa. Para Hegel liberdade não é poder fazer o que se quer fazer, sem limitações, mas sim agir de acordo com princípios de validade universal e, assim promovê-los. Ainda de acordo com o filósofo o Estado é a mais cabal expressão da racionalidade.

Partindo desse pressuposto, a indagação sobre se temos ou não liberdade no Estado em que vivemos me veio a mente o filme Inimigo do Estado. Na trama, percebemos claramente que somos vigiados e controlados pelo Estado que tenta a todo custo ter o controle das pessoas. Nesse sentido as perguntas se desdobram: Se somos livres por que temos que cumprir as leis? Por que não podemos fazer as coisas da forma que pensamos? Por que todo um controle estatal nas ações que fazemos? E as perguntas poderiam partir para outros princípios tais como: se não sou livre por que não faço uma revolução? Por que permanecemos presos ao sistema que nos prende? As perguntas estão expostas e as respostas cabe a cada cidadão que tem a capacidade de pensar.

O meu desdobramento sobre o tema de Poder, Estado também perpassa o Trabalho. Afinal, o objetivo final do ser humano (capitalista) é a realização do sonho de ter uma vida feliz e construir algo para deixar à posteridade. Qual o sentido de Trabalho nos dias atuais? Será que o Trabalho faz parte do poder do Estado?

Assistam o filme, leia Hegel e Marx e tente responder essas questões.

Texto: Odair

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Nós que aqui estamos...



“Nós que aqui estamos por vós esperamos” é um filme brasileiro de 1999 sob a direção de Marcelo Massagão. Ele traz o filme como memórias do século XX. O filme retrata uma verdadeira volta ao mundo no seu contexto histórico, econômico e cultural.

Leitura cinematográfica da obra Era dos Extremos, do historiador britânico Eric Hobsbawm, a produção mostra, através da montagem das imagens produzidas no século XX e da música composta por Wim Mertens, o período de contrastes entre um mundo que se envolve em dois grandes conflitos internacionais, a banalização da violência, o desenvolvimento tecnológico, a esperança e a loucura das pessoas.

O filme usa imagens de arquivo de filmes clássicos (Chelovek’s kinoapparatom, Un Chien Andalou, The General, Le voyage dans la lune, Berlin: Die Sinfonie der Grosstadt), fotos, pinturas, textos, etc. O filme é considerado um documentário ficcional, segundo o diretor um “filme-memória”, com imagens reais e textos criados por Masagão. Logo no começo vemos cenas de “O Homem com a Câmera” e “Berlim: Sinfonia da Metrópole”.

O título do filme vem do letreiro disposto em um cemitério localizado na cidade de Paraibuna, no interior do Estado de São Paulo, onde se lê a mesma frase.

Foi premiado no Festival de Gramado em 2000 por sua montagem[1] e no Festival do Recife como melhor filme, melhor roteiro e melhor montagem. Sua produção custou cerca de 140 mil reais, sendo 80 mil direcionados somente para o pagamento de direitos autorais de imagens e fragmentos de vídeos.

Após ver o documentário escolha um dos temas abaixo e disserte suas conclusões.

Tema 01 - Grandes Conflitos Internacionais.
Tema 02 - A Banalização da Violência.
Tema 03 - Desenvolvimento Tecnológico.
Tema 04 - A Esperança e a Loucura das Pessoas.

Prof. Odair

Bolivarismo







José de San Martín e Simon Bolívar foram importantes líderes na independência dos vice-reinos do Prata, Nova Granada, do Peru e das capitanias gerais do Chile e da Venezuela.


Partindo da Argentina, que havia declarado sua independência em 1816, o general San Martín libertou o Chile e comandou seus homens, cerca de 5 mil soldados, para o vice-reino do Peru, o mais fiel à coroa espanhola e o mais difícil de ser derrotado.

Simon Bolívar, com apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos, junto com seus solados, libertou a Venezuela, a Colômbia, o Equador e encontrou o exército de San Martín no vice-reino do Peru. A ação de ambos os exércitos acabou derrotando as forças leais à Espanha no vice-reino do Peru, que também declarou sua independência em 1824.

Embora a história chame Bolívar e San Martín de “Líderes da Independência”, é importante lembrar que estes homens tinham projetos políticos diferentes. San Martín defendia um governo monárquico, enquanto Simon Bolívar defendia um governo republicano.

O BOLIVARISMO

Em 1826, no Congresso do Panamá, Simon Bolívar propõe um projeto ambicioso: a união dos territórios da América espanhola num só país republicano e independente. O sonho de uma América Latina unida, republicana e solidária ficou conhecido como bolivarismo, o primeiro exemplo de pan-americanismo do continente. Apesar de os países formados a partir das colônias espanholas da América terem adotado o sistema republicano de governo, o bolivarismo, contudo, fracassou. Veja, abaixo, porquê.

Os líderes criollos tinham interesses divergentes e muitas vezes opostos. Os criollos da Venezuela, por exemplo, defendiam um modelo de economia mais aberta, sem protecionismo, o que desagradava os criollos do Equador que queriam uma economia mais fechada, com protecionismo. Enfim, interesses econômicos divergentes foram um dos motivos para o fracasso do bolivarismo. No entanto, houve outros.

Tanto a Inglaterra quanto os Estados Unidos, países que apoiaram a independência das colônias, não apoiavam o projeto do bolivarismo, pois temiam que uma América Latina unida poderia se transformar num obstáculo para a dominação econômica que esses países pretendiam impor aos países recém- independentes.

Perguntas e Respostas.

01) Qual a principal diferença no projeto político de independência do general San Martín e do general Simon Bolívar?

02) Defina o bolivarismo e, em seguida, apresente três razões para o seu fracasso.

Agradecimentos:
http://zepauloblog.blogspot.com.br/2008/07/san-martn-bolvar-e-o-bolivarismo.html

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Temporais e Tempestades




O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte. 
Friedrich Nietzsche

Ainda não tive a curiosidade em saber onde e porque Nietzsche falou essas palavras. Na verdade, como ele mesmo disse, suas palavras eram como golpes de marreta. E, analisando as ideias do Filósofo podemos deduzir que os tijolos da sociedade de sua época eram bem frágeis. O interessante de tudo isso é que não mudou muita coisa de lá pra cá. Nos dias atuais é perigoso você falar o que pensa porque, na maioria das vezes, vai ser mal interpretado. O mesmo filósofo acrescentou que “Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar”. Parece-me que há um abismo enorme entre o que se fala e o que se vive. Falamos em normas, regras a serem cumpridas e onde está o respeito? Que atire a primeira pedra aquele que puder.

Não posso bradar contra a pequenez do ser humano diante das situações impostas por uma sociedade capitalista, machista e preconceituosa porque incorro no risco de ter minha cabeça espetada em uma estaca. O meu protesto não pode ser escondido debaixo do tapete. Prove-me o contrário. Se sabe, então me mostre isso. Faça-me sentir o conhecimento e eu me calarei. Mas não me venha com desculpas.

Já dizia Rubens Alves que “nós não vemos o que vemos, nós vemos o que somos. Só vêem as belezas do mundo, aqueles que têm belezas dentro de si”. Na verdade, a pergunta é a seguinte: o que estamos vendo do mundo? Continuo afirmando que acredito nas pessoas. Acredito no ser humano e nas mudanças de atitude. Vejo potencial quando as pessoas tem coragem de olhar nos meus olhos e espero que isso aconteça com aqueles em quem coloco toda minha confiança de futuro. Não posso ser simplesmente alguém que deixe a vida passar em branco. Tenho uma função social nessa sociedade e espero cumprir o meu papel. O que não posso fazer é deixar que permaneçam na zona de conforto. O enfrentamento é necessário. Como já dizia Willian Shed “um barco pode estar seguro no porto, mas não é pra ficar no porto que barcos são feitos”. Nesse sentido, é que espero grandes coisas daqueles que buscam o conhecimento.

Para finalizar meu texto e tentar deixar uma mensagem de otimismo para aqueles que ouvem minhas palavras acrescento o pensamento lapidar de Epicuro “os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades”.

Texto: Odair

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O Professor disserta e o Aluno Dorme




Abro a página de um jornal da região e destaco as cinco primeiras noticias do dia: greve dos professores; homem morto a facada é encontrado a margem da rodovia; motorista fica ferido entre colisão de carro e bitrem; vento forte destelha casa em sorriso; candidatas do nortão participam de desfile. 80% das noticias de um jornal no dia, quando não mais, é sobre coisas ruins que acontecem no dia a dia da sociedade moderna. E pensar que os povos que não habitavam as muralhas romanas eram bárbaros. Logicamente que podemos deduzir, se quisermos, que os veículos de comunicação não veiculam noticias boas. Sim, isso pode ser uma verdade. Mas então fica a pergunta: o porquê isso acontece? Talvez porque a sociedade já se acostumou com as noticias ruins. Esperam por elas. As desejam.

Não sou pessimista. De forma nenhuma. Na verdade, sou até muito otimista e creio sim, em um mundo melhor. Só que para se ter um mundo melhor na conjuntura da sociedade capitalista desumana é necessário uma mudança radical. Não manifestações sem objetivos pelas ruas da cidade onde só aparecem os vândalos exercendo quebradeiras. Falo de atitude interna. Mudança radical na vida de cada ser humano nesse planeta. O dia em que o companheirismo falar mais alto do que o egoísmo, então alcançaremos uma sociedade mais humana. Quem sabe nossos netos alcancem esse objetivo. Porque, na conjuntura atual de corrupção, idealismo capitalista, e falta de amor estamos caminhando a passos largos para a extinção do ser humano. O homem é o lobo do próprio homem, já afirmava o Filósofo e com razão. Se ele vivesse na atual modernidade estaria estarrecido. Alguém pode afirmar que pensa no próximo e que estaria disposto a abrir mãos de sua vida em favor do próximo. Isso acontece todos os dias. Mas, mesmo assim os presídios estão superlotados, os abrigos de idosos não suportam mais tantas pessoas desprezadas, os orfanatos idem e todas as casas possuem cerca elétrica e monitoramento.


Se observarmos uma sala cheia de alunos e nos perguntarmos qual o objetivo do aprendizado, em alguns casos ficaremos estarrecidos. São o futuro da nação. Com exceção, seus olhares demonstram desprezo pelo conteúdo estudado. A História é chata. Qual a importância de saber sobre o Brasil Colônia? O que isso acrescentará nos meus conhecimentos. O que importa é as novas postagens do face. Esquecem-se eles do principio básico de qualquer ser humano que é saber sua própria História. Conheça-te a ti mesmo. Em dado momento é possível ver o deboche em seus sorrisos. Do lado alguns dorme o sono que lhe foi roubado a noite quando ficou até altas horas nos jogos. Como poetizou Bandeira:

“O professor disserta
Sobre ponto difícil do programa
Um aluno dorme,
Cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudi-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professor baixa a voz
Com medo de acordá-lo”.

E eis o futuro de nossa nação. Nas mãos de pessoas dessa forma. No entanto, eu ainda acredito naqueles que são puros de coração e que desejam uma sociedade melhor. Eles estão por ai. Talvez estejam cansados, desanimados ou mesmo feridos, mas estão por ai. Vamos sacudir nossa sociedade e caminhar rumo à esperança desses jovens que querem um mundo melhor. Basta a inércia!

Texto: Odair

sábado, 20 de julho de 2013

O Homem de Aço



A invasão dos quadrinhos no cinema foi implacável e, ironia, os bons resultados financeiros acabaram se tornando uma espécie de vilão. Com eles, o universo da sala escura parece ter ficado reduzido a uma explosão de cores e histórias, nem sempre, fáceis de entender ou atraentes para o espectador que não praticou o virar das páginas de um gibi. Aí, veio o pulo do gato: entregar filmes "destes mundos" com tramas envolventes e inteligíveis, conquistando multidões. Nem todos conseguem (existem grandes fiascos), mas tem uma turma aí que já pegou a manha e tem gente deste time em O Homem de Aço.

 Em um planeta distante, o pai (Russell Crowe) de uma criança resolve salvá-la de um apocalipse e programa o envio dela para a Terra, levando consigo uma importante herança genética do seu povo, embora o frio General Zod (Michael Shannon) não se conforme com essa decisão. Já em seu novo lar, criado por pais "adotivos" (Kevin Costner e Diane Lane), a criança cresceu. Mas Clark (Henry Cavill) tornou-se um homem preocupado, principalmente, com suas origens e seu verdadeiro destino. Até que este passado retorna na figura de Zod, ainda mais poderoso, e o futuro da humanidade vai depender do confronto entre essas duas forças.

Caso você ainda não tenha sacado, o herói em questão é o bom e velho Super-Homem, repaginado, com novo intérprete, nova (e alucinante) roupa, mas com dilemas comuns ao mais reles dos mortais, do tipo "de onde venho, quem sou eu?". Escrito por David S. Goyer (Batman - O Cavaleiro das Trevas), o roteiro capricha nas explicações, é extremamente didático e isso não é demérito, pois é o que permite aos não iniciados um melhor entendimento. Agora, se os fãs das revistas vão curtir, aí já são outros quinhentos. Vão achar muito blábláblá, dizer que não foi fiel a isso ou aquilo... Porém, esquecem esses notáveis leitores (e são!), que uma adaptação é - e sempre será - uma versão e, como tal, poderá fazer uso de licenças para "sobreviver" em outro "meio". Aliás, licenças não faltam nas páginas coloridas da imaginação.

Com um discurso ecologicamente correto bem claro, bons diálogos ("Se você ama tanto essas pessoas, pode chorar a morte delas.") e efeitos especiais de cair o queixo, essa produção de Christopher Nolan sob a batuta de Zack Snyder tem elementos de sobra para conquistar o grande público. Desde boas atuações do elenco já citado até o auxílio luxuoso de coadjuvantes de peso (Amy Adams e Laurence Fishburne), além de um merecido destaque para Antje Traue e Christopher Meloni, que profere a emocionante frase: "Esse homem não é nosso inimigo".

Pra fechar a tampa, a trilha do premiado Hans Zimmer faz uma senhora cozinha para os quitutes pow!, bam!, tum! ganharem forma nas sequências insanas (quase intermináveis) de pancadaria entre o herói e seus algozes. A destruição, aliás, é grande e sem o menor pudor de deixar evidente a escola Michael Bay e Roland Emmerich, remetendo também a um momento do arrasa quarteirão Os Vingadores (2012). Assim, não é um pássaro... não é um avião... é um super filme (poderia ser mais curto), cuja missão de proteger o entretenimento foi plenamente garantida. Para o bem dos simples mortais, como o autor dessas mal traçadas linhas, e para o mal daqueles que defendem a ideia de que deveria ser fiel ao original blábláblá... Agora, é contigo mesmo!

Roberto Cunha

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-123348/criticas-adorocinema/

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Cinema e Televisão



Num meio-dia de fim de primavera Fernando Pessoa teve "um sonho como uma fotografia". Até o século dezenove sonhava-se como pintura. A fotografia tornou-se a mais convincente representação da realidade. Muita gente disse, cedo demais, que a pintura não lhe iria sobreviver. A aparente neutralidade da máquina e a perfeita representação visual de uma fração de segundo estabeleceram os novos padrões da ilusão. Até surgir o cinema.

Muita gente disse, cedo demais, que o século vinte foi o século do cinema. Ainda hoje podemos imaginar o espanto provocado pelas imagens em movimento. O Jornal do Comércio de 9 de julho de 1896 registra com assombro a primeira projeção de cinema no Rio de Janeiro, com sua imagens "nítidas, firmes, acusando-se em um relevo extraordinário, dando magnífica impressão de vida real. O espetáculo é curioso e merece ser visto". Todo mundo foi ver e era ver para crer. Mudando todos os costumes, exportando idéias e padrões de consumo, o cinema reinou absoluto na primeira metade do século. Até surgir a televisão.

Muita gente disse, sempre cedo demais, que a televisão terminaria com o cinema. Como competir com o caleidoscópio de imagens que invadia todas as casas? A televisão se apoderou da linguagem audiovisual, com sua "magnífica impressão de vida real" e, melhor, ao vivo! A televisão transformou o espectador em testemunha.

A pintura sobreviveu, não como escrava do real mas quase como seu oposto. O ponto de vista único do artista, representado em forma e cor, continua surpreendendo seis séculos depois de Giotto. A fotografia sobreviveu ao cinema, e o cinema à televisão. As formas que o homem inventa para criar ilusão, para compartilhar suas visões de mundo, seus medos e desejos, se transformam e se aglutinam. Procriam, mas não se desinventam. Na arte, que é tudo que a natureza não é, também nada se perde.

Muita gente ainda fala, tarde demais, das diferenças entre a linguagem cinematográfica e televisiva. São a mesma linguagem, com os mesmos signos, a mesma força da fotografia, a mesma ilusão de volume provocada pelas imagens que se movem em planos sobrepostos, música, palavras, luz e movimento. A diferença não está na linguagem em que se constrói a narrativa no cinema ou na televisão e sim na maneira como uma e outra são apreendidas. A diferença não é como se faz mas sim como se vê. Uma sala iluminada apenas pelas imagens que por algum tempo numa grande tela se movimentam, sem que sobre elas tenhamos qualquer controle, é cinema. Uma pequena tela se esforçando para chamar atenção o tempo que for possível, sempre e enquanto nós deixarmos, é televisão.

É natural que a diferença de atenção do público de cinema e de televisão provoquem diferentes usos da mesma linguagem. O cinema, como disse Jean Claude Carriére, "ama o silêncio". A sensação de ver, numa grande tela, no escuro, é mais que suficiente para causar encantamento. A televisão odeia o silêncio. A imagem na televisão precisa constantemente da muleta do som e quase sempre da palavra. Não basta mostrar a faca, é preciso dizer, "Olhe, uma faca! Aqui! Na mesinha da sala, ao lado do vaso, está vendo? É uma faca! Não mude de canal! Não desligue, por favor!" A televisão não cala a boca. O cinema é um pescador, joga sua isca no meio do lago e espera pacientemente que a vítima deixe o seu refúgio entre os juncos, estacione o carro e compre ingressos. A televisão vai a caça, busca o tatu na toca enfiando-lhe o dedo onde for preciso.

Desde o momento em que alguém tem a idéia para um filme até que você o veja na tela de um cinema passam-se muitos anos. Tudo que chega ao filme foi visto muitas vezes por muitas pessoas. Você vê um filme sabendo que nada está ali por acaso. Na televisão tudo pode acontecer. Mesmo um filme na televisão pode ser interrompido a qualquer momento pela queda de um ministro ou de um avião. Televisão é sempre ao vivo.

Tem gente dizendo, cedo demais, que o século vinte um será da internet. A estréia é boa: a internet trouxe o texto de volta ao dia-a-dia de milhões de pessoas e só isso já é mais que suficiente para que seja recebida com vivas e tapinhas nas costas. Os e-mails anunciam uma nova era epistolar e quem quiser diz o que quer a quem quiser ouvir. Na internet a tela também é câmera.

Sentindo escapar do seu controle os meios de produção de imagens e informações, os doninhos de sempre se apoderam cada vez mais da mídia. Você pode até clicar suas imagens por aí mas só consegue mostrar para muita gente pagando pedágio para o distribuidor do filme/livro/programa de tv/site. Os donos da mídia estão cada vez mais no poder. Mas o século ainda nem começou. A luta continua.

Texto: Jorge Furtado

http://www.nao-til.com.br/nao-74/furtado2.htm

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Não adianta manifestar como um LEÃO e votar como um JUMENTO



“Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política”.

Ernest Renan

Este artigo tem como finalidade expressar argumentos sobre as manifestações pelo país que tem demonstrado uma parcela da indignação dos brasileiros com os descasos políticos no qual estamos inseridos a milhares de anos. Logicamente que falar, principalmente em meio a tantos protestos não é difícil, o difícil é realizar as mudanças de que necessitamos. É até bonito ver as diferentes faixas e cartazes de reivindicações espalhados pelas inúmeras cidades do Brasil. Parece mesmo que o gigante acordou, que o povo despertou da alienação e que agora a coisa anda. Será mesmo? Será que tudo não passa de uma onda de entusiasmo?

Antes de me lançarem pedras deixem-me explicar minha intenção com esse artigo. Aqueles que me acompanham nos meus escritos sabem muito bem que há tempos venho cobrando de meus caros compatriotas um maior envolvimento político porque, querendo ou não, é a política que rege as nossas vidas. Nesse sentido, é necessária uma maior participação de nossa parte para não sermos ludibriados pelos políticos aproveitadores de plantão que desvia milhões da educação e da saúde para não mencionar as outras pastas.

Ernest Renan foi preciso quando afirmou que para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. De acordo com o pensador, a revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política. Penso com o autor e acredito que a revolução do nosso país começou com esses protestos. Uma revolução que deverá culminar com uma mudança radical de nossos políticos nas próximas eleições. Creio muito nesse movimento e no futuro da nossa nação pelo clamor que vemos pelas ruas. E, para que esse pensamento revolucionário seja concretizado é preciso levar a risca o que diz Gilbert Cesbron de que a verdadeira revolução acontece quando mudam os papéis e não apenas os autores.

Dentre os inúmeros cartazes espalhados pelo Brasil cobrando atitudes, lançando impropérios, apontando as mazelas da sociedade, um me chamou a atenção porque vem de encontro com aquilo que comento há muito tempo. O cartaz em epigrafe dizia: “Não adianta manifestar como um leão se for votar como um jumento”. Uma frase que simplifica toda essa luta. Se quisermos uma mudança no Brasil ela começa com cada um de nós. E essa mudança começa quando sabemos, pelo menos, em quem votamos na última eleição. Não é ser Caxias não, mas tenho certeza de que muitos desses manifestantes que estão nas ruas nem sabem direito em quem votaram na última eleição. Espero que na próxima saibam. Vamos aproveitar a lei da ficha limpa e extirpar essa corja de políticos que se perpetuam no poder sem nada fazer para o povo.

Para finalizar meus comentários sobre essa manifestação no Brasil quero tecer duas conclusões: a primeira de que me sinto um pouco mais aliviado do fardo de sempre estar cobrando das pessoas uma maior participação política. E, quando digo política é política e não politicagem. Uma coisa é diferente da outra. Pelo movimento das ruas (com exceção dos excessos, é claro) acreditamos que o povo brasileiro vai mudar o cenário do país já nas próximas eleições (os caciques políticos que coloquem suas barbas de molho). A segunda é que acredito nessa força do povo e creio profundamente na mudança. Para aqueles que ainda permanecem alienados termino parafraseando Platão que já nos alertava a milhares de anos atrás. Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.

Texto: Odair

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O que são 20 centavos?



Precisa tanto para demonstrar uma insatisfação por causa de mśeros 20 ccentavos? Afinal, o que são 20 centavos? Na verdade, não dá nem pra comprar duas balas de menta. Então, porque toda essa movimentação por caisa de tão pouco? Pois bem. Eis que os 20 centavos na tarifa das passagens de ônibus nada mais é do que o estopim de um descaso que a população, principalmente a mais jovem do Brasil não aguenta mais. Não adianta dizer que essa geração não tem futuro porque as escolas estão acabadas, a educação esquecida e os professores desiludidos. Eis que o brado dessa geração que sofre as mazelas de governos corruptos explodem agora pelas ruas e avenidades de todo o país. Como atalaias eles soltam as vozes de protesto pelo mau uso do dinheiro público, pelo descaso com a educação e pela saúde.
Ninguém consegue mais ficar calado diante das propagandas governamentais de que o país está crescendo e desenvolvendo. Ninguém acredita em PAC ou outros planos mirabolantes de propaganda enganosa. O povo sabe que o que mais acontece no dia a dia são os descontos absurdos de impostos que pagamos. Obras paralisadas, dinheiro jogado no lixo e o povo paga a conta do desperdicio. Ninguém consegue mais aturar um país onde os políticos ganham muito dinheiro para não fazerem nada e professores ganham tão pouco para se matarem em sala de aulas sem nenhuma estrutura física. Estava na hora de eclodir o grito de liberdade. Na hora de despertar o gigante adormecido. Na hora de soltar o brado de um país melhor. Não somos a geração que fica só nas redes sociais escrevendo asneiras. Muito pelo contrário, as redes sociais são os meios de convocar as pessoas para as ruas. Brasil: ame-o!
Está na hora desses políticos, gestores e lideranças saberem que o povo já não mais se deixa engabelar com o circo da bolsa miséria. Não é mais possível conviver com os descasos políticos e desvios de verbas da educação e da saúde. Queremos um transporte de qualidade, uma educação de qualidade, uma saúde de qualidade. Queremos respeito. Uma sociedade digna da grandeza que é o nosso país e nossa gente. Vamos as raías da revolução. Vamos as ruas reivindicar o que é de direito a cada cidadão brasileiro que é a sua dignidade. Não dá mais para viver no ostracismo que os políticos acreditavam que viviam os brasileiros. A realidade é essa. Queremos um país melhor.
O que são 20 centavos? Para algumas pessoas nesse país de beleza natural, gente alegre e feliz, é a conta de comprar um pão para alimentar os filhos. E, as vezes, nem 20 centavos esse pai de família têm para alimentar seus filhos. E, então vemos estádios construídos pela bagatela de 1 bilhão e 300 milhões de reais. Para quem e para quê? Ainda bem que os jovens do Brasil acordou. Antes tarde do que nunca. Agora o Brasil entra nos trilhos ou acaba-se de uma vez. Parafraseando um recente político brasileiro: Pior do que está não fica.

Texto: Odair

quarta-feira, 20 de março de 2013

A Sinuosidade da vida


Por mais que me esforce em acreditar no impossível ele parece não acontecer. Pelo menos da forma que desejava. Observo a escrita de um amigo e vejo nela as suas idéias fluindo como uma fonte de energia solar. Sei da sua capacidade e admiro sua forma de ver o mundo. Cada pessoa tem uma forma de ver o mundo. Cada olhar tem uma admiração particular.

O homem maltrapilho com um saco nas costas parado em frente à escola contrasta-se com os alunos bem arrumados saindo de carrões em direção a sala de aula. Aquele homem não teve uma oportunidade? Observo, também, o garoto do vizinho que corre até um catador de lixo para levar-lhe uma garrafa pet vazia para ajudá-lo na sua jornada. O pensamento do dia chega até aquela senhora estendida no chão com vários ferimentos causados pelo impacto no veículo que, por estar, provavelmente falando no celular, não viu a placa de pare e interrompeu minha trajetória, acidentando-se.

A vida é como um rio sinuoso que contorna as montanhas. Você navega nesse rio sem saber o que acontecerá na próxima curva. A surpresa será coisas boas ou más? Não é possível saber. E o destino é seguir a incógnita que a vida nos oferece.

Ao meu amigo, meus parabéns pelo excelente texto. Comprova sua dedicação as leituras, como fazem os intelectuais reclusos em suas salas de introspecção. Ao homem maltrapilho um desejo de que seus pensamentos, um dia, sejam expostos para a sociedade fria e injusta a qual nos rendemos. Aos alunos, desejo de que consigam galgar os umbrais do conhecimento e não fiquem apenas na aparência de um mundo fadado à mediocridade. A senhora afetada pelo acidente, votos de melhoras e mais atenção da próxima vez.

Quanto a mim, lamento os gastos decorrentes do infortúnio, mas contento-me com a vida poupada dessa lastimável situação e do aprendizado suscitado pelo mesmo. Sigo meu caminho pela sinuosidade do rio da vida em meu barquinho esperando as surpresas da próxima curva.

Texto: Odair

Obs. O amigo de que falo no texto é Gimerson.
www.digoeunaoosenhor.blogspot.com

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sonhos de uma manhã de inverno



E eu que sonhava com uma vida maravilhosa
Imaginava as flores
Exalando seu perfume em um jardim florido.
Sonhava com as pétalas voando pelo ar
Sendo carregadas pelos ventos até minha janela.
Os pássaros serelepavam pelas árvores do bosque
E as tristezas não existiam.
Meus olhos contemplavam o horizonte
E, na manhã gélida um brilho do sol insistia em ofuscar minha visão.
Desejava me aquecer no seu calor
E correr pelas avenidas desertas da cidade.
Mas não existia calor,
Só o frio da solidão dos dias solitários.
A chuva fina insistia em cair de mansinho
E o sol foi encoberto pelas nuvens.
Não haveria calor no inverno da alma.
Estou sozinho mais uma vez e vejo você caminhar lentamente
Seus passos são conduzidos pelas incertezas da vida
E conduzem-te para encruzilhadas.
Não há esperança para esse amor.
Por mais que o coração te deseja
Seu olhar já não brilha mais com o meu.
Se não há como compartilhar os momentos
Não há como viver esse amor.
Os sonhos são dissipados
Assim como as flores do jardim soltas pelo ar.
Viro as costas para não ver seus passos
E preciso partir para procurar abrigo.
Meu corpo sente frio
E a solidão corrói minha alma a ponto de deixar-me fatigado
Quero calor para aquecer minhas lembranças
E sufocar minhas angústias.
Os sonhos da manhã de inverno
São desfeitos pela chuva que desce de mansinho
As aguas levam as últimas esperanças
De um tempo que não volta mais.

Poema: Odair