sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A Ordem do Discurso n'A Vila


O objetivo deste texto é fazer uma análise do filme A Vila, longa metragem, produzida em 2004. Segundo a sinopse do filme No final do século XIX existia uma vila cercada por florestas em todos os lados. Os habitantes de lá fizeram um pacto para nunca saírem da vila, pois na cidade reinava a violência e o medo. O que eles almejavam era a criação da sociedade perfeita. Funcionando como contraponto à tranqüilidade da vila, há as criaturas, ou "aquelas-de-quem-não-falamos", seres aterrorizantes que vivem nessas florestas. Entre os habitantes e as criaturas há um acordo muito simples: ninguém invade o território de ninguém.
O filme se passa na zona rural da Pensilvânia em 1987, e conta a história de um pequeno vilarejo de Covington, com a pequena população de 60 pessoas, rodeada por uma floresta onde se acredita haver criaturas míticas habitando o lugar. A história ainda conta o romance de Kitty, a filha do líder do vilarejo e de Lucius, um jovem rapaz. Os dirigentes da cidade possuem uma política de restrição bem forte: todos são proibidos de adentrar a floresta, ou seja, todos os habitantes da vila viveram toda a sua existência isolados do restante do mundo, já que ninguém do exterior pode entrar lá também. Há um monte de postos de vigia, que servem tanto para afugentar as criaturas como para se certificarem de que ninguém tente fugir da vila. Entretanto, o vilarejo começa a ser ameaçado quando Lucius começa a questionar sobre o confinamento completo das pessoas de lá.
Alguns pontos podem ser problematizados sobre esse filme. Partimos da identificação da visão de mundo e da cultura dos habitantes da vila. O que percebemos no filme é que as pessoas têm uma visão sobre a natureza. Existe um medo em colocar as mãos em flores vermelhas porque aquela é a cor daqueles-que-não-falamos. Os habitantes da vila também têm os seus rituais com relação ao casamento e a escolha do noivo e da noiva. A filha do patriarca, por exemplo, pede permissão para namorar o jovem Lucius porque está apaixonada por ele mesmo sabendo que quem deveria casar com ele era sua irmã. Outra coisa é com relação à visão deles sobre a morte. Em que esfera eles temem a morte? O que fazer diante dos acontecimentos que desenrolam na vila? O medo é constantemente presente na vida deles. Durante o casamento enquanto estão festejando e o sino toca um medo terrível cai sobre eles e cada um procura o seu refúgio.
No filme encontramos a questão da deficiência. A jovem Ivy, por exemplo, é cega. Da mesma forma, Noah Percy parece um doente da cabeça. Observando esses deficientes é possível estabelecer uma reflexão sobre as formas de integração social deles na sociedade da vila. A moça tem uma paz de espírito surpreendente e, mesmo sendo cega, parece enxergar melhor do que os outros. Noah, por outro lado, é obcecado por Ivy e ao ver ela nos braços de Lucius comete uma loucura, talvez até sem pensar.
A sociedade da vila é um bom motivo para reflexão. Identificamos os valores morais que sustentam essa sociedade. Na vila existem algumas regras que são seguidas ao pé da risca. Por exemplo, não se pode entrar na floresta. A partir do momento em que alguém entra na floresta os habitantes da floresta poderão atacar a vila. Essa regra é obedecida mais por medo do que por obediência mesmo. Não é possível perceber, a não ser no final, que existe um discurso que mantêm as pessoas longe da floresta. O discurso é o medo. As pessoas mais jovens e que nasceram na vila, não conhecem a cidade e a civilização, vive sob um manto escuro de um segredo que a todo o momento perpassa pelo filme.
Mas como diz o ditado, regras são feitas para serem quebradas, chega um momento em que não é possível mais manter as aparências. Notamos isso quando o jovem Lucius, esfaqueado por Noah está às portas da morte. Ivy, sem pensar duas vezes solicita do conselho que a deixe ir até a cidade buscar remédios. A partir do momento que ela sai em direção à cidade parece que o segredo vai ser revelado. O fato que acontece a seguir acaba confirmando o segredo para sempre. O que era uma montagem para prender as pessoas na vila acaba sendo confirmado a partir do momento em que Noah se transforma no monstro em que eles imaginavam existir na floresta.O filme nos faz questionar o porquê das pessoas acreditarem na vida em que levam. Os anciãos da cidade têm os seus segredos, as suas revoltas por terem perdidos seus entes queridos na cidade e tentam levar uma vida diferente na vila. No entanto, para manter os jovens ali é preciso sustentar uma inverdade. As razões que levam Ivy e Noah encenarem o jogo infantil que resulta na morte de Noah é a razão que pode perpetuar o discurso de não invasão da floresta. Ao voltar com os remédios, Ivy é uma sobrevivente e só sobreviveu por causa do amor. É isso que o filme nos repassa no final.

A análise do filme A Vila, longa metragem, produzida em 2004 pode ser pensada no contexto de “A Ordem do Discurso” , obra de Michel Foucault. podemos problematizar as ideologias que encontramos no filme repassando nas aulas de História. O cinema possibilita ao professor uma gama de recursos para se trabalhar o cotidiano das pessoas. O filme A Vila tem um discurso que envolve os personagens principais e que podem ser problematizadas dentro da perspectiva do livro de Michael Foucault onde destacamos o poder que envolve um discurso. Alguns pontos podem ser problematizados sobre esse filme. Partimos da identificação da visão de mundo e da cultura dos habitantes da vila. A sociedade da vila é um bom motivo para reflexão. Identificamos os valores morais que sustentam essa sociedade. Na vila existem algumas regras que são seguidas sem questionamentos. O filme nos faz questionar o porquê das pessoas acreditarem na vida em que levam. Os anciãos da cidade têm os seus segredos, as suas revoltas por terem perdidos seus entes queridos na cidade e tentam levar uma vida diferente na vila. Foucault, num esboço histórico, afirma que, durante os primeiros séculos da civilização ocidental, verdadeiro era aquele discurso que era proferido pelo indivíduo habilitado, ou seja, a verdade pertencia àquele que era autorizado a dizer a verdade. Na Vila, os anciões assumem esse papel.


Texto: Odair José.

Um comentário:

Sandro Miguel disse...

oLÁ COMPANHEIRO oDAIR.
Acesso o blog todos os dias estou ligado nas sua inserções discursivas.
Uma dica coloque digitais nas fotos postadas: vá no baixaki e procure por PhotoFiltre é um ótimo programa em portugues.
Vê se coloca um link do meu blog na sua página.
Valeu.