quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A irmã de Suelen... (Primeira Parte)


Eram duas irmãs que cresceram sempre juntas e que tinham uma grande amizade. Com diferença de dois anos uma da outra aprenderam a se amar e a brincarem juntas sempre compartilhando seus segredos e anseios.
Suelen era a mais velha e tinha uma pela bem clara com cabelos que beirava o loiro. Suzana era mais nova e um pouco mais morena com cabelos ruivos e cacheados. Em questão de beleza as duas eram lindas e despertavam a admiração de todos que as viam sempre a brincar perto da rua onde morava nos finais de tarde. Além delas tinha o irmão mais velho da família que se chamava George.
Elas sempre viveram em um dos bairros mais carentes da grande Cáceres e a cidade, por ser bastante antiga, sempre priorizou os bairros mais próximos ao centro do que os da periferia. Os pais das meninas sempre tiveram pensamentos diferentes com relação ao futuro delas. O pai sempre foi influenciado pelo irmão e tio das meninas em preparar as duas para arranjar um casamento que lucrasse para toda a família. O tio sempre dizia que poderia arrumar uma forma de encontrar homens da alta sociedade para que vissem as meninas e as tivessem em troca de dar a família status e boa posição na sociedade.
A mãe por outro lado sempre educou as filhas para que aprendessem o básico das funções domesticas e que estudassem para ter um futuro melhor. Dizia sempre as meninas para que se casassem apenas depois de já terem um futuro garantido e com quem realmente elas amassem e fossem retribuídas nesse amor. “Não faça como eu, dizia sempre, que me casei com um homem que não tem decisão”.
Aos 17 anos Suelen terminou o Ensino Médio na escola e entrou na faculdade de Biologia na faculdade da cidade. Ao entrar na universidade muita coisa mudou na vida de Suelen. Ela passou a dedicar-se mais aos estudos e isso fazia com que se distanciasse um pouco mais da irmã. Mas mesmo assim as duas eram muito amigas e conversavam até altas horas da noite. Suzana sempre esperava a irmã chegar da faculdade.
Acontece que dois anos depois quando Suzana também terminou o Ensino Médio e ia prestar vestibular para Direito ela conheceu Henrique. Foi uma paixão avassaladora e ela acabou se entregando a ele. Suzana tinha se tornado uma morena muito bonita. Seus cabelos cacheados eram de uma formosura intensa.
O pai e o tio das meninas, no entanto, nunca deixaram de planejar o que poderiam fazer para que arrumassem uma pessoa importante para que conhecessem as meninas.
Naquela época um dos grandes nomes da cidade era de um grande empresário do ramo de pecuária que tinha uma influência muito grande na cidade. Ele possuía uma grande propriedade produtora de gado de corte e mantinha um enorme conjunto de leilões que trazia grandes divisas para o município. Norberto Rosseto, mais conhecido como Beto era mais influente que o prefeito e delegados da cidade. Era um homem nos seus 30 anos, casado e pai de uma menina.
Um belo dia à tarde Beto parou em um bar da cidade para tomar uma cerveja. Encostou sua camioneta última geração, ligou o som e sentou-se na mesa. Próximo dali estava Otaviano e Rômulo, pai e tio das meninas, respectivamente. Sem pestanejar, Rômulo se aproximou de Beto e pediu se podia falar com o empresário um assunto importante. Beto, a principio, pensou que se tratasse de mais alguém a procura de emprego. Após alguns minutos de conversa entre eles, Rômulo olhou para Otaviano que aguardava em outra mesa e o chamou para junto deles. Conversaram bastante e Beto pagou a conta e saiu.
Dona Adelaide ficou horrorizada quando ouviu o marido dizer que deveriam arrumar a casa porque no domingo uma pessoa importante ia almoçar na casa deles. Não concordava com a atitude do marido e do irmão dele. Mas não tinha muito que fazer. Sempre fora uma mulher bastante submissa, herança do aprendizado de família. Naquela noite quando Suelen chegou da faculdade o pai e o tio a esperava. Entraram para o quarto e o tio expôs o seu plano. Segundo ele, no domingo quando o empresário viria almoçar com a família, Suelen deveria seduzir o homem e alcançar dele a sua admiração. A menina ficou meio confusa e disse que não achava isso certo. No entanto, seu pai e seu tio a convenceram de que valia mais um casamento com uma pessoa importante, rica e poderosa do que viver a vida toda sem um futuro definido. E concluiu que ela deveria pensar nos benefícios que traria a toda a família.Suelen, naquela noite antes de dormir ficou bastante pensativa. Ela tinha se tornado uma moça muito linda com seus cabelos loiros e um visual moderno ela chamava a atenção.
No outro dia cedo ela encontrou com a irmã que estava morando com Henrique e contou a ela o plano do pai e do tio. Suzana a abraçou e disse que ela seguisse o seu coração. “Ele é casado, tem família, apesar de ser muito rico. Se caso amar você... não sei”. Suelen olhou para a irmã e comentou que estava chateada pela situação dela. “Veja você, tinha tudo pra seguir os estudos e largou por causa de seu namorado... não sei se isso foi bom... é isso que penso... não gosto muito de viver assim dependendo dos outros. Estou ralando para concluir minha faculdade enquanto vejo meninas se saindo bem com os carinhas que tem dinheiro apesar de saber que a maioria dos casos serem passageiros. Estou muito pensativa a esse respeito”. As duas se abraçaram longamente e ficaram em silêncio por um bom tempo. “Quem sabe ele é um homem bonito...” finalizou Suzana. Antes de sair Suelen perguntou a irmã se ela ia ao almoço. “Sim, mamãe pediu que eu fosse pra ajudar ela arrumar as coisas”.


Texto: Odair José...

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