sexta-feira, 8 de maio de 2020

Carta sobre a felicidade



 Prezado amigo. Como havia prometido estou lhe escrevendo a carta para tentar responder a sua pergunta. Tenho saudades das nossas longas conversas e sinto falta de ouvir todas aquelas teorias sobre o mundo que sonhávamos naquela época. Pois bem, como sabemos, não podemos viver só de lembranças e, pior ainda, temos que conviver com as inúmeras mazelas que descobrimos haver no mundo que nos cerca. Claro que boa parte destas mazelas é por causa da preguiça mental da maioria que prefere passar horas e horas em frente uma TV do que ler um bom livro. Mas, como dizia nosso amigo em comum, o que podemos fazer sobre isso? 

A sua pergunta foi bem pertinente e me fez passar alguns dias pensando sobre como responderia. Logicamente que você sabe, deduzo eu, que não tenho a resposta a tal pergunta. Isso pelo fato de ser um assunto um tanto complexo. A felicidade. Ao pensar sobre a felicidade confesso que surgiu em mim alguns momentos em que acabei sorrindo sozinho. Sim. Ao lembrar de alguns momentos em que, realmente, me senti feliz. Quando criança sem ter preocupações. As noites em que observava o brilho da lua e das estrelas imaginando como seria o meu futuro. Os olhos da minha primeira paixão. Tantas coisas que mexeram com meu coração. Essa simplicidade, creio eu, seja a verdadeira felicidade. 

Não quero parecer pessimista, mas penso que não existe a felicidade e sim momentos felizes. Pela minha forma de ver o mundo seria trágico estar o tempo todo feliz. Eu penso muito sobre isso, principalmente quando quero ficar sozinho. A solidão é sempre um refúgio para mim. Quero até em outra ocasião falar exclusivamente sobre a solidão. Mas, isso é assunto para uma outra carta. 

Pretendo não me alongar muito nesta missiva. Por isso vou destacar mais alguns pensamentos sobre o que penso a respeito da felicidade e espero que fique bem com isso. Uma das questões que sempre perpassam a minha mente é sobre a natureza humana. Essa dualidade que encontramos na maioria do ser humano. Somos bons ou somos maus? O homem é um lobo ou é um cordeiro? Essa questão é primordial no meu entendimento, para compreendermos a felicidade. Por que uns são felizes com pouco e outros são infelizes com muito? O tudo e o nada. Tão complexo de entender. 

Ah, meu nobre amigo! Eis minhas indagações sobre a felicidade. Quer ver a felicidade? Olhe no sorriso de uma criança. Nas rugas de um ancião. Nas borboletas de um jardim. No por do sol às margens do Rio Paraguai. No brilho do olhar daquela menina. Ah! A felicidade está em muitos lugares. O que precisamos é deixar que nossos olhos possam ver. Não passe sua vida em busca do que nunca poderemos ter. a felicidade está na simplicidade. Na humildade e na compaixão. Afaste de você todas as preocupações banais da vida e serás feliz. 

Espero vê-lo em breve. Cuide da sua saúde mental. Acredite sempre no amor e deixe a vida prosseguir como um rio caudaloso em direção ao mar. Abraços poéticos no seu coração.

Odair José, Poeta e Escritor Cacerense

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